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domingo, 19 de janeiro de 2014

A demografia tratada aos pontapés

Por: Ricardo Hipólito
Razões para o decréscimo (ou aumento) do número de habitantes num concelho são variadas. Querer transformá-las apenas num factor derivado da cor política do governo local (e num curtíssimo intervalo de tempo), não me parece uma forma séria de a analisar.
Alguém com um pouco de tino acreditará que, num concelho como o de Alpiarça, com tudo de rastos, sem qualquer tipo de qualidade de vida (era o que nos diziam nos finais da década de 90), ao fim de 2 anos de nova governação, seja por isso que se aumenta em centenas o número de pessoas no concelho?
E depois há aumentos e aumentos de população. Sintra teve aumentos espectaculares de habitantes na década de 80 e 90. Lisboa, por sua vez, decresceu. Quererá isso dizer que a (catastrófica) governação de Edite Estrela foi incomparavelmente melhor do que as de Sampaio e de João Soares?
Será que o aumento da população no concelho de Oeiras, nos anos 70 e 80, terá alguma coisa a ver com o aumento ocorrido, no mesmo concelho, já neste milénio?
Será que o facto de Portugal ter sido preponderantemente um país de emigração, para passar a sê-lo, de forma significativa, de imigração e, agora, desgraçadamente, novamente um país de emigração, não tem nada a ver com as oscilações nas populações?
E a atractividade de concelho dormitório não pesará? E essa característica trará significativos ganhos para o desenvolvimento local?
E as condições económicas e sociais de um país (dependentes essencialmente da política do governo nacional) não contarão, particularmente para regiões como a nossa? Ainda para mais com um governo que se está positivamente maribando para as consequências demográficas (a médio e longo prazos) que Portugal irá sofrer com esta situação.
Quando se quiser discutir estas oscilações de número de habitantes numa região / concelho, por favor, não se parta de trivialidades primárias.
E, por último, com o comentário das 14.50 somos levados a crer que o PS governou Alpiarça desde 1930 até 1981 e quando voltou ao poder, zás!, mais uma catrefada de habitantes. Logo que saiu do poder em 2004 (é o que se deduz de tão brilhante raciocínio), nova debandada, com centenas de habitantes a correr atrás dele (para onde é que ele fosse).
Este é um dos casos que se o referido comentarista percebesse alguma coisa de demografia, movimentos migratórios (e, particularmente, imigratórios) e, já agora, fizesse umas comparações com o que se passa a nível nacional e também a regiões com características à de Alpiarça, não se ficaria por um raciocínio (?) tão linear.
(há um comentador que apresenta uma justificação para um aumento de população no 1º quartel do século passado derivado à fábrica de cerâmica do Casalinho.Julgo que, por aquilo que conheço da fábrica (da sua instalação e de pessoas que por lá trabalharam e me deram testemunhos) e da fundação do Casalinho, e com aqueles números (dezenas e dezenas de famílias), ela não tem sustentação. Como estudioso do meu concelho gostaria muito de aceder a documentos ou testemunhos que sustentassem tal afirmação que, digo sinceramente, desconhecia).
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