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terça-feira, 20 de abril de 2010

Um Presidente da República ao vivo e a cores

ARTIGO DE OPINIÃO

Gosto dos que não agradam a gregos e a troianos. Dos que são irreverentes, insubmissos, ingovernáveis, indomesticáveis, irredutíveis, inconformistas, incorruptíveis. Dos que fazem o seu próprio destino. Dos que fazem opções de risco pela convicção de que estão certas. Dos que interpretam a força do tempo e sabem quando resistir e quando agir. Gosto dos que se agigantam frente à pequenez do cinzentismo instituído.

Quero um Presidente que conheça a minha história, a dos meus avós, a dos meus pais, a dos meus filhos e a dos meus netos, porque carrega no peito a alma da História do meu País. Quero um Presidente que me faça lembrar a diáspora. Quero um Presidente que se orgulhe da minha Pátria e que seja a Pátria de todos. Um que me leve até à coragem dos nossos heróis, à musicalidade dos nossos poetas, à aventura das caravelas com que demos mundos ao mundo. Quero um Presidente que presenteie esta gente do meu País com uma magistratura de influência em prol das minorias, dos desafortunados, dos obrigados ao silêncio, prostrados à desesperança. Quero um Presidente em que a palavra rime com alma e rasgos de peito e coração. Quero um Presidente que transporte as cores do arco-íris e me faça esquecer o cinzentismo da tecnocracia militante.

O meu País precisa de Luz. O meu País vive a preto e branco com demasiado cinzento. O meu País só vê a sombra, a penumbra, a escuridão. O meu País suplica tons de luminosidade e sons de musicalidade. O meu País exige um homem que capte a razão e lhe dê a mais-valia da emoção. O meu País quer um homem sem disciplina partidária. O meu País quer um homem que conheça apenas o apelo da sua própria consciência. O meu País pede um cidadão com predisposição para golpes de asa. O meu País demanda um cidadão que não escolheu atalhos para se impor na política e que foi pela estoicidade do seu caminho minado e armadilhado, por entre vielas e ruas estreitas reivindicando a imputabilidade dos seus próprios ideais. O meu País quer um cidadão que enfrentou o ostracismo dos seus pares em nome do imperativo Liberdade. E que recolha acólitos de todas as cores. O meu País quer um cidadão investido com a armadura feita da malha dos princípios e dos valores por que se luta na vida. O meu País quer um cidadão que lhe devolva a esperança. Que se tenha feito a ele mesmo um projecto de esperança.

E é porque gosto de homens assim. E porque quero um Presidente assim. E porque devo ao meu País um cidadão assim. Que voto Manuel Alegre. Quero acordar de manhã e ter a certeza de que “Mesmo na noite mais triste em tempo de servidão há sempre alguém que resiste há sempre alguém que diz não.”

Por Anabela Melão

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