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segunda-feira, 19 de outubro de 2015

PS está a trabalhar para que haja uma alternativa

PS/Alpiarça
A iniciativa de diálogo com os partidos que o PS tem vindo a desenvolver é o que qualquer ator político deveria estar a fazer, na sequência do quadro parlamentar que resultou dos resultados eleitorais. Porfírio Silva reitera que o PS “não bloqueará o país se não tiver uma alternativa de Governo” mas que “está a trabalhar para que haja uma alternativa”.
No programa “As Palavras e os Atos”, na RTP, o dirigente socialista, depois de confirmar que as conversas que o PS tem vindo a manter com os partidos à sua esquerda estão a correr de “forma mais profícua” do que com os partidos à sua direita, reiterou a tese de rejeição absoluta da teoria do arco da governação.
Para o dirigente socialista “não faz qualquer sentido” que o acesso ao Governo de Portugal apenas esteja reservado ao PS, PSD e CDS, deixando de fora o PCP e o BE, o que para Porfírio Silva para além de ser um critério criticável, constituiria mesmo um claro entorse democrático.
Lembrou o que António Costa vem afirmando desde a pré-campanha eleitoral, que “se queremos mudar de política não vamos governar com os mesmos que fazem a política que nós queremos mudar”, não sem deixar de recordar que o PS não “sustentará maiorias de bloqueio”.
Quando à polémica que perpassa, sobretudo na comunicação social, em torno da legitimação de uma solução governativa sustentada numa maioria parlamentar de esquerda, Porfírio Silva socorreu-se de três ou quatro exemplos vindos de gente da direita, quando em vésperas das eleições legislativas de 2011 defenderam, citando Paulo Portas num debate televisivo com Passos Coelho, que quem deve “formar Governo é quem tem maioria no parlamento, mesmo que não esteja lá o partido que ganhou as eleições”.
Lembrou também posições semelhantes assumidas na mesma altura, quer pelo ex-dirigente do PSD, Nuno Morais Sarmento, quando disse que “o Presidente da República não deve dar posse ao partido mais votado se este não assegurar um Governo de maioria absoluta”, ou o economista e ex-ministro do CDS, Bagão Félix, quando também em 2011 defendeu numa entrevista a um jornal, com os olhos postos numa eventual vitória do PS, que havia uma solução alternativa que deveria passar por “um Governo PSD, CDS e PCP”.
Ou seja, ironizou Porfírio Silva, “o PCP é muito bom para governar com a direita, mas com o PS já não dá”.
O dirigente socialista referiu ainda o trabalho do jornalista de direita, David Dinis, hoje diretor do jornal online “Observador”, então a trabalhar no Diário de Notícias, que numa página inteira, com o título “o partido mais votado pode desta vez não governar”, defendeu esta tese ao longo de todo o artigo.
Casa plural
Porfírio Silva não quis fugir às críticas internas vindas de alguns dirigentes e membros do PS, quando censuram a aproximação dos socialistas aos partidos à sua esquerda, lamentando que as diferentes opiniões que “sempre coexistiram no seio do Partido Socialista” ainda façam confusão a muitas pessoas, lembrando que o PS “sempre foi uma casa plural”.
Quanto à dúvida levantada durante o debate sobre se o PS mantém ou não a sua fidelidade aos tratados europeus, Porfírio Silva foi claro ao recordar que o PS “respeita e assume”, e não por obrigação mas por ser “esse o seu projeto”, todos os seus compromissos internacionais, realçando contudo, haver vários aspetos do funcionamento da União Europeia “com os quais não estamos de acordo”, destacando em especial alguns pontos do Tratado Orçamental.
A este propósito reafirmou que o PS, caso venha a ser chamado a assumir responsabilidades governativas, não está disponível para fazer nas instâncias europeias guerras desnecessárias, preferindo, pelo contrário, “respeitar as regras existentes”, mantendo uma leitura “flexível e inteligente” dos tratados e, “dentro do jogo”, procurar “aliados e convergências de interesses com outros países”.
Porfírio Silva fez ainda questão de recordar que o PS, tal como António Costa afirmou perentoriamente na noite das eleições, “não bloqueará o país criando uma crise política se não tiver uma alternativa de Governo”, criticando o PSD e o CDS por não estarem a negociar com o PS de forma séria.
Lembrou a propósito o episódio de a coligação ter levado três dias a responder às questões do PS, enviando o documento primeiro para os jornais e só o fazendo chegar ao PS no momento em que o Secretário-geral, António Costa, entrava no Palácio de Belém para uma audiência com o Presidente da República”, método que demonstra bem, salientou, “que eles não estão a negociar de forma séria”.

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