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sábado, 17 de outubro de 2015

Entre 2010 e 2013, Portugal recuou quase dez anos em termos sociais, diz economista

Enviado por:
Gabriel Tapadas Marques
O economista Carlos Farinha Rodrigues afirmou hoje que entre 2010 e 2013 Portugal recuou quase dez anos em termos sociais, com os níveis de pobreza a voltarem aos do início do século.

Carlos Farinha Rodrigues coordenou o estudo divulgado em 2012 'Desigualdades em Portugal', que tem como ano de referência 2009, período antes do início da crise, que vai ser agora atualizado num projeto realizado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos e pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG-UL).
"A grande potencialidade deste estudo é que vai fazer uma avaliação tão rigorosa quanto possível dos efeitos da crise e das políticas de austeridade na distribuição dos rendimentos na pobreza e nas situações de precariedade social", explicou o professor do ISEG, que falava à Lusa a propósito do Dia Internacional de Erradicação da Pobreza, que se assinala no sábado.
Já existem alguns trabalhos realizados e que vão ser vertidos neste estudo que permitem "traçar um retrato que não é propriamente um retrato feliz, porque ao longo destes quatro anos de ajustamento tivemos um forte agravamento da precariedade social" e existe um conjunto de fatores que são "extremamente preocupantes", frisou.
Em relação aos resultados do estudo anterior "verificámos que "em três anos, de 2010 a 2013, recuámos quase 10 anos em termos sociais", salientou.
"Os níveis de pobreza voltaram para os níveis do início do século, a desigualdade aumentou e acima de tudo a pobreza das crianças tornou-se mais notória, mais evidente, mais preocupante", sustentou.
Questionado pela Lusa se a recuperação económica já está a ter impacto na melhoria das condições de vida dos portugueses, o economista disse ainda não existir informação que confirme essa situação, à exceção da melhoria dos indicadores de desemprego, que terão algum impacto
O retrato do que aconteceu nos últimos dois anos tem sido transmitido pelas instituições de solidariedade social que estão no terreno em contacto com as situações de pobreza.
"Aí, infelizmente, não há nada que permita antecipar que a recuperação já tenha chegado às famílias mais pobres, antes pelo contrário", sublinhou.
Lembrou que os efeitos da crise e das políticas seguidas conduziram à "formação de novos pobres e ao agravamento das condições de vida dos pobres mais tradicionais".
Para o economista, esta situação só pode ser combatida através de "uma estratégia de combate à pobreza, que responsabilize o Estado por essa estratégia", e que "simultaneamente seja capaz de apelar à participação do melhor" que existe na sociedade civil.
Para isso, tem de "existir de facto preocupação social e vontade política de inverter esta situação, que na minha opinião é trágica".
Farinha Rodrigues adiantou que "os portugueses deram mostras de uma capacidade de solidariedade muito grande durante este período", dando como exemplo os reformados com "pensões baixíssimas" que abdicam dessas reformas para apoiar os filhos atingidos pelo desemprego.
"O povo português fez a sua parte o que falta é que o Estado cumpra aquilo que deve fazer que é assumir claramente o combate à pobreza e exclusão social em Portugal", defendeu.
«Fonte: DD/Lusa»

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