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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

ENTERRO DO GALO 2015

VERSOS




Minhas senhoras e meus senhores
O Enterro do Galo aqui está
Para grande desassossego
De quem tem a consciência má
Vou ler o meu testamento
Na hora de eu abalar
Que ninguém solte um lamento
Em especial a quem tocar
Trajo-me hoje de bobo
Pr’ás verdades fazer ouvir
Quem não quiser ser lobo
Não lhe deve a pele vestir
Os versos que agora leio
São à boa maneira antiga
Pra que todos sintam melhor
O que é ter dor de barriga
Dor de barriga, de fininho
E um grande formigueiro
De nervoso miudinho
E as tripas num berreiro
Leio agora o testamento
Está na hora de começar
Não se assustem por favor
Os que vou pra’qui chamar
Ireis ver, é igual
Aos Enterros já passados
Um glorioso funeral
Com tantos lençóis usados
Está na hora de dar início
À leitura do testamento
Nem tudo aqui é fictício
Tudo é obra do momento
Censurámos o que pudemos
Cortámos versos com maldades
No entanto não quisemos
Deixar de dizer as verdades
Eu sei que vou morrer
Minha vida vai acabar
Mas antes disso não deixarei
De os ladrões denunciar
Na minha capoeira eu estava
Vivendo descansadinho
Não havia galos em Alpiarça
Foram roubar-me ao Casalinho
Vou deixar aos meus algozes
Nestas horas de aflição
Um lápis para denunciarem
Os mentores da corrupção
Enquanto me restarem forças
Minhas asas baterei
Para afastar os maus cheiros
Dos peidos que agora dei
Esses ditos mal cheirosos
Vão ter que os aguentar
Passei convosco fome negra
Fiquei sem nada para cagar
Neste público funeral
De tochas todas a arder
Que o meu dono não leve a mal
Se as orelhas sentir a ferver
O roubo foi bem planeado
Não fosse o diabo ouvir
O meu destino foi traçado
Enquanto ele estava a dormir
Roubaram-me ao amigo Ferreira
Do café do Casalinho
Foi uma aventura à maneira
Foi tudo limpinho, limpinho
Limpinho disse um figurão
Do clube da águia ao peito
O Ferreira é do leão
Ali anda tudo direito
O Ferreira ficou tão triste
Nem consegue ver-se ao espelho
O roubo foi como um pé em riste
E falta para cartão vermelho
A clientela que lá vai
E que não esteja em sintonia
Ou se porta bem ou então sai
E ouve o relato na telefonia
Há outra clientela que até
Não vai tanto em futebóis
Vai pra lá tomar café
E mostrar os caracóis
Caracóis e penteados
De mulheres de línguas finas
Descascam nos pobres coitados
São serpentes viperinas
Do sítio de onde eu vim
Havia por lá tanta gente
Por que me roubaram a mim
E não a um primo ou parente?
Foi má sina, foi má sorte
Estou aqui agora a pagar
Enfrento a pena de morte
Estou-me todo a borrar
Aquele que me foi roubar
Tão nervoso devia estar
Que ao deitar-me a mão
Não me agarrou pelas patas
E apanhou um cagalhão
Com o suor correndo em bica
E comigo bem apertado
Passou com a mão pela testa
E ficou todo cagado
Mais parecia um soldado
Com a pele camuflada
Estava pronto para o combate
Pois da cara não se via nada
Os salteadores de meia tigela
Roubaram-me e foram apressados
Tiveram que levar uma barrela
Por ficarem todos mijados
Naquela noite fatal
Estavam bêbados, desde a manhã
Por pouco não roubavam um bode
E uma cabrinha anã
Aquilo por lá é demais
Há lá tanta bicharada
À noite é difícil ver quais
E às tantas não se rouba nada
Por isso agora acredito
Que os bêbados que me roubaram
Enganaram-se no veredicto
Quando à noite me apalparam
Já tinha os olhos toldados
Aquele que me roubou
Os meus tomates sentiu molhados
O que bastante lhe agradou
Olhou para mim já de lado
Parecia que estava a tombar
Estava em tão lindo estado
Que via tudo a dobrar
Quando este mundo deixar
Quero um funeral de estica:
Ficar na cova de cu pró ar
Pra cagar pra quem cá fica
Adeus adorado dono
Tenho enfim que me calar
Pra que subam agora ao trono
As verdades de pasmar
A todos os que estão pra’í
A aguardar o falaró:
Aos que fizeram das boas
Não terei de vós qualquer dó
É agora, já de seguida
Que os canhões vão troar
Que ninguém esteja de saída
Pois as verdades vão soar
Era uma vez uma pessoa
Tão pura como o diamante
Que por ser assim tão boa
Foi expulsa num instante
Aos pobres sempre ajudou
Aos ricos até nem por isso
Tantas invejas criou
Que lhe lançaram o feitiço
Juntaram-se as almas danadas
Pró tirar de cá pra fora
E só ficaram descansadas
Quando o mandaram embora
Alpiarça embasbacou
Nunca se viu nada assim
Um homem bom que tombou
Perseguido por gente ruim
Quem o fez é especialista
Nestes trabalhos à maneira
Ela é sempre muito bem vista
Em saneamentos de primeira
No passado tão mal nos fez
Recordar dá-lhe prazer
Saneou agora um homem bom
Que nada fez para o merecer
Foi uma sacanice maior
Ficaram todos assim tão bem
Calar a quem tem outra cor
E muitos dos leitores também
É uma “nova” democracia
Que nos estão a oferecer
Nesta nossa freguesia
Padre não se pode ser
Porque esta vida é danada
Vejam bem estes caminhos
Prémios aos que não valem nada
E aos bons cravam espinhos
É uma nova lei da rolha
Vê-se bem a olho nu
É uma péssima escolha
Metam a rolha no cu
Viva a maior regateira
Da vila de Alpiarça
Sai cedinho pela manhã
Como quem vai para a caça
Tanto espera pela hora
Nem é capaz de dormir
Logo que sai porta fora
É uma víbora a cuspir
Cuidem-se bem todos vós
Vejam bem no que vai dar
Até os piores linguareiros
Levam todos que contar
Uma língua como a dela
Não se acha do pé prá mão
Mesmo as da telenovela
São só uma imitação
Mas que cobra venenosa
Anda a lançar confusão?
Descubram-na entre vocês
Quem tiver espelho à mão
No clube da calhandrice
Que existe no Casalinho
Há lá muita malandrice
E todas falam fininho
São todas umas santinhas
Vê-las até me faz dó
Vão prá farra, coitadinhas
Pró dancing do Solidó
Há uma senhora de lá
Com estilo de mulher fatal
Tem uma doença tão má
Só lhe dá para dizer mal
O que a leva a ser assim
A ter uma vida tão dura
Eu tenho, mas só para mim,
Que é falta de galadura
Um concurso foi aberto
Para alguém fazer um jeito
Para tudo poder dar certo
Foi cozinhado a preceito
As funções que exigia
São coisa d’aparvalhar:
Conhecimentos sem valia
E saber ler e contar
Eu, galo, fui ao concurso
Mas a coisa correu mal
Fui fazer figura de urso
E dispensaram-me da oral
Já nem sei o que dizer
Tal concurso não entendi
Sei o que todos estão a ver
Há mau cheiro por ali
Uma menina de uma organização
Foi ao encontro do amado
Mas com a pressa e a aflição
Logo entrou no carro errado
Ai querido ai que saudade
Disse ela ao entrar
Desculpa esta ansiedade
Eu só te quero abraçar
Disse isto sem olhar
E pôs logo lá a mão
Mas depois ao reparar
Soltou grande exclamação:
Ai Jaquim que me enganei!...
Eu já estava a achar estranho
O farfalho que agarrei
Tem agora outro tamanho
E a moral desta história
Vejam bem no que isto dá
Elas são tão assanhadas
Que papam tudo o que há
Como Alpiarcense e sócio
Mostro a minha indignação
Contra os sócios que aqui meteram
A actual Direcção
Os Águias é um clube histórico
Com passado para respeitar
Que venha uma Assembleia
Para os porem a andar
Estão cá há tempo a mais
Vejam só as confusões
No passado receberam e não pagaram
As taxas do Euromilhões
Agora já não há contínuo
Para assegurar a gestão
Desta nave desafinada
Que está em autogestão
Quando foram as eleições
Tudo fizeram para nos enganar
Telefonaram e trouxeram sócios
Para neles irem votar
Ao presidente da Assembleia eu peço
Que seja ele a denunciar
Informando todos os sócios
Do que se está a passar
Cabe-lhe essa responsabilidade
E os sócios já comentam
Que são raros os directores
Que as reuniões de Direcção frequentam
Andam pr’aí três jeitosos
Figuras como estas não há
Temos que aturar os manhosos
Nas voltas que Alpiarça dá
Um, é sabichão a preceito
E deitou as contas à vida
Ser vereador fez-lhe jeito
Governou-se e bateu de saída
Outro é um grande espertalhão:
De cá da ponte é PROGRESSISTA
Depois, como bom camaleão,
P’ra lá da ponte já é CENTRISTA
O terceiro não tem bons modos
Nem uma figura de gente
Olha de lado, pisa todos,
E manda mais que o presidente
Têm um pouco de tudo
Nenhuns são bons dançarinos
Adivinhem lá neste entrudo
O nome a dar aos três meninos.
Só aqui em Portugal
Se investe em luxo e ostentação
Mas isso até não faz mal
Porque é a bem da nação
Se o investimento é empregue
Em tanta futilidade
Não admira que o desemprego chegue
A ser esta calamidade
Foram e são estes dirigentes
Que fizeram Portugal assim
São os piores prepotentes
Não há gente tão ruim
Deixaram o País de rastos
São tantas as barbaridades
Cada vez são mais os gastos
Para encher o cu de vaidades
Alpiarça não é excepção
É por demais evidente
Aquele grande carrão
Que transporta o presidente
Dizem que aquele BM
Foi uma compra de outros tempos
Só que o povo agora geme
E ninguém ouve os seus lamentos
Exibiram sempre com gosto
Automóveis de estadão
Se a cagança pagasse imposto
Iam todos para a prisão
A Alemanha ri-se de nós
Porque nos vende os carrões
Empenhamos o que foi dos nossos avós
Para lhes darmos milhões
Somos pobres mas cagões
Sobranceiros e pedantes
Faz-estercos e mandriões
Está tudo como dantes
A alemã loira e anafada
Não tem de que se queixar
Vende-nos tudo, a malvada
É sempre, sempre a facturar
Goza com o nosso povo
Com discursos que são hinos
Não nos traz nada de novo
Trata-nos abaixo de suínos
E como tudo se aceita
Como se fosse natural
Esta alemã insatisfeita
Caga ordens no nosso quintal
Aqui a deixamos a nu
Vá mandar para outro lado
E o Coelho que lhe lambe o cu
Que o saboreie bem untado
Falámos há pouco de imposto
Para a vaidade taxar
Digam lá se não é um desgosto
O que agora vou contar
Era uma vez um senhor
Muito humilde até mais não
Não gostava de quem era esbanjador
Desde que fosse da oposição
Chegou no passado a criticar
De uma maneira brutal
Fotos que andavam a publicar
No Boletim e no Jornal
O seu perfil de barbudo
Atraiu votos como o mel
Em Alpiarça deu tudo por tudo
Para parecer o Fidel
E é por isso mesmo até
Que não acha ser pecado
Ser comparado com o Ché
E aparecer em todo o lado
Aparece em todos os lados
Mesmo que dos outros se esqueça
Deixa-os a todos sentados
Para que lhe vejam sempre a cabeça
Falo agora eu, o galo
Para dizer aos que aqui estão
Que estas peneiras de estalo
Não são maneiras boas, não
Quando Alpiarça, freguesia
Enfeudada a Almeirim,
Passou a cabeça concelhia,
Houve cá um grande festim.
Foi em Abril, mês da luta
Dos cravos vermelhos de essência,
Que em cem anos de disputa
Viu chegada a sua independência.
O grande mar de gente desagua
Engolindo em onda os democratas
Que por honra da terra que é sua
Quebraram nessa data as arreatas
O Alpiarcense é bairrista,
E os problemas na alma os sente;
A independência foi por todos bem vista
E o disseram de forma eloquente
A aventura chegara ao fim
E o povo gritou à força de pulmão:
- Eh malta! Somos livres enfim!
Pra fazer ver àqueles de Almeirim
Que Alpiarça tem gente de tesão!
Fortunas feitas à pressa
Oh patego olh’ó balão
É tudo legal, ora essa
E viva o nosso povão
As negociatas estão aí
É um fartar vilanagem
Só querem tudo para si
Mas que ninho de sacanagem
Parecem todos tão puros
Anjinhos cobertos com mantos
Não passam de grandes maduros
Mafiosos com caras de santos
Sorrisinhos e apertos de mão
Falam só do que mais gostas
Metem-te todo no coração
Mas esfaqueiam-te pelas costas
É este novo-riquismo
É esta tropa fandanga
Falam com todo o cinismo
E deixam o povo de tanga
Ai Alpiarça, Alpiarça
Quem te viu antigamente
Pára lá de achar graça
A esta trampa de gente
Pois esta espécie prepotente
Como alguns políticos de cá
São mortais como a serpente
E tão bons como o Ali Babá
Eles tanto querem parecer
E Volvos querem comprar
Que passam fome a valer
E as casas vão empenhar
Tanta cagança ostentada
Tanto BM novo em folha
Vocês não prestam para nada
Façam da vaidade uma rolha
Mas façam-na bem a preceito
Pr’á meterem direitinha
Onde sabem, mas com jeito…
No sítio em que apanha a galinha
O que faz mais impressão
A quem disto não percebe
É que o Volvo é um dinheirão
Pr’a quem só um salário recebe
O BM é como um carimbo
Ou um produto bem cheiroso
Faz parecer fino o bimbo
Ou o mais temível mafioso
E os novos donos de tudo isto
Só de Mercedes sabem andar
É uma coisa que só visto
Tanta cagança a ostentar
Tanta manha e vaidade
Escondem quase de certeza
Uma vergonhosa desigualdade
E falta de pão sobre a mesa
Meteram-nos numa grande prisão
De onde é difícil sair
Aos ladrões dão-lhes perdão
E a nós puseram-nos a pedir
Dizem que não temos desculpa
Com dívidas até ao pescoço
Os pobres estão com a culpa
E os bancos com tudo o que é nosso
Não nos deixam sequer respirar
Deixaram-nos sem um tostão
Só nos falta agora pagar
Por largarmos um cagalhão
É de raiva este meu desencanto
Daí grito até ficar rouco:
Nunca tão poucos com tanto,
Nunca tantos com tão pouco
Martelam a nossa cabeça
Sempre com o mesmo refrão
Pra fazerem que pareça
Que o povo gastou um dinheirão
Os Euros foram quase dados
Sem garantias reais
Para os corruptos espatifarem
Em Mercedes e obras a mais
Mas que grande desilusão
Esta Europa de malandragem
Os ricos nasceram da corrupção
É um fartar vilanagem
Oh Europa dos banqueiros
E de um Barroso durão
Aos pobres roubou os mealheiros
E aos ricos deu um dinheirão
Os ricos têm o proveito e a fama
De nos roubarem o dinheiro
Compram carros topo de gama
E escondem o resto no estrangeiro
Não é o que diz na Alemanha
A gorda loira e arrogante
Aquela mulher é só manha
Que nos lixa a todo o instante
Aponta-nos sempre um canhão
Atinge-nos com tantos punhais
Fala-nos com armas na mão
E trata-nos como animais
Considera a figura alarve
Que o povo é gastador
E que passa o ano no Algarve
A fingir ser um senhor
Mente sempre à sociedade
Mente e mente até mais não
Para justificar a austeridade
Para os pobres que aqui estão
É isto que a Europa merece?
Parece que estamos no Entrudo
A banca faz o que lhe apetece
E vemos a democracia por um canudo
Esta é a Europa dos banqueiros
E dos ricos de barriga inchada
É um sítio de maus cheiros
De uma merda mal cagada
Merda pra nós povoléu
Desemprego e grande tristeza
Crianças de barrigas ao léu
E falta de pão sobre a mesa
Oiro prós ricos da sorte
De corruptos e malfeitores
Dos que causam no povo a morte
Em hospitais sem doutores
Quem quer saúde que a pague
Disse o democrata deputado
Oh doente não se estrague
O que tem é mau-olhado
E se você não tem dinheiro
Não proteste não seja bera
Corra já ao curandeiro
Lá não há lista de espera
Se a sua cura demora
E se a morte o espreita
Você vai ver que melhora
Se for já ao endireita
Como bom ministro que sou
Aconselho-o, tome nota
Siga os conselhos que dou
E evite bater a bota
Vá à bruxa digo eu
O mesmo faço no Ministério
A saúde não cai do céu
Está desvendado o mistério
As pessoas não percebem
Ou então não querem ver
Que a assistência que recebem
É mais do que o que podem merecer
Oiça o que lhe diz este galo
Sr. ministro de ocasião
Oiça bem como lhe falo
E peça já a demissão
Faça-nos lá esse jeito
Sr. ministro do tanto-faz
A saúde é um direito
Deixe-nos a todos em paz
E a nossa educação
Está entregue a um Crato
Homem de grande elevação
E de um belo e fino trato
Faz-nos lembrar a cultura
Do antigo prior do Crato
Mas com a mesma postura
De um velho e manhoso rato
Prometeu milhares em fundos
Prometeu por prometer
Acenou com o melhor dos mundos
E estamos todos a arder
Falou-nos como o prior
Com falinhas mais do que mansas
Para nos enjaular no pior
Dos infernos das descrenças
Há professores sacrificados
Pra eles foi-se borrifando
Os empregos são queimados
E prós alunos está-se cagando
E também há um Coelho
Bicho que deixa má memória
Será lembrado no futuro
Como um fraco da nossa história
Ao povo mostra arrogância
Castiga os pobres sem perdão
E aos de grande ganância
Baixa as calças e o calção
É um coirão, de ideias vazio
Premeditado e velhaco
Tudo nele é negro e frio
De um povo forte fez fraco
Não pensem que exagero
Por estarmos no Carnaval
Ele quer fazer o enterro
Da democracia em Portugal
A vida que nos está a dar
É como um fruto sem sumo
Não podemos continuar
Temos que mudar de rumo
Uma nação como a nossa
Merece ter outra sorte
E um governo de gente boa
Que nos aponte o norte
Não há velhaco que se reconheça
Nem coirão que não se esqueça
Como não há puta que não se envaideça
Nem corno que não olhe prá cabeça
Ficam-lhe bem as luvinhas
É minha opinião, eu acho…
Lá foram três panconinhas
Comprá-las lá pró Cartaxo
Já parecem uns atletas!
Agora andam a correr...
Comem que nem uns alarves
E a barriga a crescer.
O Canino é o pior!
Pois tem as pernas curtinhas,
Quando o galgo abre as dele,
Lá vão eles... Ah patinhas!
Passa a vida a ralhar,
Tem uma dor na perninha
Mas se eles falham um dia
Dia triste, sina a minha.
Local de encontro? Barragem.
Três voltinhas a aquecer.
Final da tarde? Adegagem!
Branco ó tinto? Pode ser!
Adega velha... já foi.
Tertúlia nova é agora.
Coisa fina, sim senhora!
Quem lá vai não vem embora.
Já foi um, vai no segundo
O que mais se seguirá?
Dá um homem filha ao mundo
Pra prego a fundo e já está.
Vila, virou Patracola
Oposição, palhaçada
Futuro é palavra nova
Pior que isto… só nada!
Entendam-se meus senhores
Isto assim não pode ser.
Se continuamos assim
Alpiarça... vai morrer.
Juventude da nossa terra
O futuro está aí.
Grita, esforça-te, revolta-te,
Ninguém o fará por ti.
Em Portugal também é
No Brasil branco é doutor
Mas certo, certo, certinho
Licenciado, é senhor...
O Mestrado, vem a seguir
E é sinal de valor,
E só depois então sim,
Lá vem o grau de doutor.
Se bem fizermos as contas
Doutorinhas há tão poucas,
Licenciados há muitos
Com cabecinhas tão ocas.
O hábito não faz o monge
Já diz o velho ditado
O comportamento, esse sim,
Faz o homem ser honrado!
E desta forma singela
Vou deixar meu testamento
Abaixo o tacho ou a tigela
Acima o desenvolvimento.
A brincar verdades digo
Mais haveria a dizer
Vou-me ficar por aqui
Antes que me mandem… cozer!
À Câmara de Alpiarça
Vou dar-lhe uma opinião
Que seja mais democrata
E respeite a oposição
Como não estavam habituados
A quem lhes fizesse frente
Pensam que são os maiores
De toda a nossa gente
Respeitem-se uns aos outros
Parem com a palhaçada
É uma vergonha para todos
E não vai levar a nada
É tão grande a confusão
Que começa a ser irritante
Se quiser saber da situação
É só ir ler o Mirante
Nas Assembleias Municipais
Embora com opiniões diferentes
Trabalhem todos iguais
Para bem das nossas gentes
Anda por lá um capataz
Pessoa muito interessante
Em trapalhadas é um ás
Faz notícias no Mirante
Cumpra bem o seu lugar
Nada faça por favor
Seja mais imparcial
Faça jus a ser doutor
Aconselho a oposição
Se detectarem lá batota
Não tenham medo de nada
Chamem mas é a PJ
Para uns políticos de fachada
Deixo uma tripa cagada
Pois como todos nós sabemos
Eles não prestam para nada
Alguns mudam de partido
Mas não é a tempo inteiro
Porque eles sabem muito bem
Que é isto que lhes dá dinheiro
É sempre mais algum que vem
E isso é uma boa forma
De juntar mais dinheirinho
À sua boa reforma
Lobos agora são todos eles
Vivendo em acção de graça
Mas afinal quem se lixa
É o Povo de Alpiarça
E a um certo vereador
Que é o que mais arrisca
Pois até numa Assembleia
Lhe chamaram vigarista
Quem tal lhe chamou, coitado
Melhor estivesse calado
E limpasse bem o cu
Porque anda sempre cagado
Foi acusação muito grave
Feita numa Assembleia
Mas nós todos sabemos bem
De onde partiu a ideia
Se é um caso pessoal
Discutam isso bem distante
Ao fazerem tal vendaval
Têm à perna o Mirante
Quanto à outra oposição
Essa é mais conservadora
Porque tem telhados de vidros
Pelo que fizeram outrora
É assim que se pratica
A política em Alpiarça
Mas todos nós bem sabemos
São políticos da mesma farsa
O nosso museu dos Patudos
Como ex-libris de Alpiarça
Não tem lá gente que chegue
Pra atender a quem por lá passa
Diz a Câmara que não pode
Meter pessoal para contratar
Os que ali só mudam lápis
Vão para lá trabalhar
Parece aquilo uma colmeia
Com abelhas que vão e vêm
Tentando mostrar aos munícipes
O trabalho que não têm
Os autocarros estão parados
E o Galo sempre a chorar
Se não me compram carro novo
Ainda me ponho a andar
Magrinhos e desnutridos
Estão os cavalos da Reserva
Coitados dos animais tão queridos
Estão sem ração e sem erva
Coitado também do baixito
Que falou sem bem saber
Já estaria ele a pensar
O que lhe iria acontecer?
Meu esporão deixo, sem saudade
Ao bom rei mago Gaspar
Para a próxima apura a verdade
Antes de começares a falar
Deixo o meu bico amarelo
A uma coordenadora eficiente
Pra que seja mais humilde
E também mais obediente
Deixo também a minha mágoa
À mesma coordenadora
Não seja apenas licenciada
E sim mais trabalhadora
Deixo o meu olho bem aberto
Às meninas dos RH
Que passam o dia na internet
A ver tudo o que lá está.
Deixo a minha crista altaneira
Às meninas do lavadouro
Fizeram um trabalho à maneira
E deixam cá o seu tesouro
Foi um trabalho fecundo
Com uma psicologia avançada
Desejo-vos toda a sorte do mundo
Para a vossa caminhada
E projectos bons como este
Terminam assim em Portugal
Como se tivessem tido peste
São enterrados num mau funeral
Agora o que está a dar
É o baile das velhinhas
Bem que se agarram a eles
Mas sem sorte coitadinhas
Agarram-se tão bem aos “machões”
Mas não causam nenhuns danos
Como os ditos, pobrezinhas,
Já não têm 20 anos
Mas apesar disso tudo
Lá vão indo ao bailarico
Na esperança fugaz
De arranjar um namorico
Alguma de 80 anos
Que queira afiar a moca
Basta dançar uma valsa
Com o balharico ZÉZÓCA
Vão lá também casadinhas
Sempre prontas a dar ao pé
Os maridos ficam em casa
E esperam a ver como é
Andava de mamas ao leu
Por aquele quintal comprido
A chamar alto e bom som
Onde estás meu querido marido?
Ele não estava por ali
Estava noutro sítio qualquer
Nem sequer estava por perto
Mas em casa de outra mulher
Quando ela deu pela traição
Ficou triste e a sofrer
E depois tapou as mamas
Para ele nunca mais as ver
Agora já está tudo bem
E assim é que a vida é bela
Ele deixou as namoradas
E agora já só pensa nela
Mas cuidado meus senhores
Evitem estas traições
Porque agora com o baile das velhas
Elas também lá deixam os corações
Esteve um artista a pensar
Que cornos são pra outros enfeitar
Um dia chegou a casa mais cedo
E viu a mulher com outro, na cama a costurar
Dói muito, disse ele entre dentes,
Confessando a soluçar,
Por ter de os cortar rentes
Pra nas portas poder passar
Aos chifres já me acostumei
Como família de estimação
Peço-te agora minha princesa
Que não me abandones não
Disse uma amiga à sua amada: Ai!
O filho não se parece com o pai.
Cala-te! se o outro vem a saber
Começam-lhe os chifres a doer
O nosso filho fez seis meses de amor
Levo-o ao doutor outra vez
Este observa-o e exclama: abra os olhos!
Não vê que o garoto é parecido com um chinês?
Chegou a casa e começou a gritar:
Dou-te um tiro e mato-te! Tu vais ver!
Nunca chegando a pensar
Que o mal lhe podia acontecer
Subiu ao telhado pra se matar:
- Oh desmiolado, nem penses em saltar!
Tens um par de cornos de pasmar
E não umas asas pra voar!
Está já perto o meu fim
Que ninguém me leve a mal
Tenham todos dó de mim
No hora do meu funeral
Vou-me embora, vou partir
Mas fica de pé a razão
Porque nos Enterros se faz rir
E disso detesta um figurão
Não são versos feitos na tasca,
Nem ofensas à liberdade,
Nem são uma forma rasca
De se dizer a verdade
Para um destes senhores
Que se armam em doutores
E andam sempre clandestinos
Aqui deixo alguma coisita
Um pouquito de merdita
Dos meus rotos intestinos
E às regateiras,
Coscuvilheiras e casamenteiras,
Aos más-línguas e bocas santas,
Não deixo o que queria deixar,
Porque mesmo depois de morto
São capazes de me ir desenterrar
Sonho dar a estes todos
Mas não sei se vão deixar:
Muita merda cagada a rodos
Pra se poderem banhar
Deixo a umas certas viúvas
O meu órgão de galar
Não esquecerei as divorciadas
Que também irei consolar
Lego o meu cu bem cagado
Nada mais lhes vou deixar
A todos os que aqui vieram
Para deles se ouvir falar
São parasitas vaidosos
Outro nome não lhes vou dar
Passam por cá nesta vida
Sem com nada se ralar
Para os rufias, vigaristas e aldrabões
Para essa seita danada
Deixo minha tripa cagueira
Porque a merda já foi doada
Aos gulosos, aos linguareiros,
A esses ranhosos boateiros,
Deixo o bico e a crista
Para comerem com coelho,
Esperando que levantem a vista
E se vejam bem ao espelho
O testamento está no fim
Lembrem-se todos bem de mim !!!
Podem sair, até para o ano,
Não vieram ao desengano.
Chegou a hora de acabar
Podem agora ir mijar!


FIM


UM EXCLUSIVO  "JORNAL ALPIARCENSE" EM COLABORAÇÃO COM A  DIRECÇÃO DA AIDIA

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