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sexta-feira, 16 de maio de 2014

RECUSO-ME A VIVER NO MEU PAIS, GOVERNADO POR ESSA GENTE

Por: Gabriel Tapadas Marques
 Lembro que há uns tempos este jornal publicou um apelo do filho de Fernando Tordo.
Homens como Tordo não precisam de misericórdia. Apenas espaço para poderem exprimir todo o  TALENTO herdado dos seus progenitores. Tordo  tem um espólio muito rico no panorama artístico  do pais.  As pessoas inteligentes dão sempre a volta por cima. O que Tordo precisa é do tal espaço para soltar a sua veia de artista em conjunto com a sua voz.
      É um dos compositores contemporâneos mais credenciados na nossa musica .
     Foi um dos convidados do programa  (PROGRAMA DO JÔ) de Jô Soares que muitos Portugueses se lembram do  programa Viva o Gordo.
     Acompanhado  de Fafá de Belém,  foi lhe dado  o tal espaço, e soltou a voz e o dedilhar da sua viola, em rede nacional, para milhões de brasileiros. Levou  a plateia do estúdio da Globo  á loucura  com a interpretação  de : A tourada, é tarde,e fado novo. Interpretações, desde fado a musica ligeira.
     Deixou bem vincado, continuará no Brasil se (me quiserem por cá), suas palavras.
     Trás na sua bagagem muitos sonhos. Um deles é estabelecer um paralelo com a musica dos dois países, e também das culturas, especialmente a língua falada em ambos países. Apesar da hora do programa não perdi uma palavra dos interlocutores. Quando lhe foi perguntado  porque saiu de Portugal , respondeu em direto em cadeia nacional: RECUSO-ME A VIVER NO MEU PAIS, GOVERNADO POR ESSA GENTE.
Fernando Tordo
 Esses sonhos de Tordo levam-me a uns anos atrás, quando conheci aqui no Brasil um tuga que vivia no Brasil  há 28 anos sem nunca ter voltado a Portugal. Chefe  de secretaria da saúde da cidade de Parnamirim. Quando fomos apresentados as primeiras palavras que ele pronunciou, denunciou ser alfacinha , mas de gema!. Perguntei  como ele 28 anos depois ainda mantinha intacta a língua original e o sotaque regional. Tocou o seu (celular), atendeu, era um subordinado seu. Falou com ele no sotaque alfacinha. Então perguntei:
- como ele te entendeu?
-Problema dele,  o chefe sou eu, ele que tem que me entender.
Uma risada saudável e a explicação: Sempre procuro ser fiel ás minhas raízes  e manter a minha língua pátria.
Depois destes anos eu próprio entendo e mantenho  o meu sotaque, as minhas expressões que usamos em Portugal e se alguma vez mudo  algo , é só para ser  entendido , pois a minha ocupação me obriga a tal.
      Outro sonho do Tordo é reverter essas tendências especialmente musicais, mas também de sotaque da língua, o que acho muito difícil.
       Sabemos perfeitamente que hoje a cultura brasileira, especialmente a musica, influencia em muito a cultura portuguesa , especialmente pelas novelas. Mas a cultura portuguesa não consegue no mínimo beliscar a cultura  brasileira.  Em Portugal é ouvida muita música brasileira. No Brasil ninguém conhece a nossa música, e na poesia salva-se apenas Camões e Pessoa.
              Como bons lusitanos, somos orgulhosos do que é nosso e que amamos.
               Fernando  Tordo  não precisa de piedade, mas sim do tal espaço  que já começou a conquistar.


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