Gaspar optimista quando défice engordou mil milhões num mês

O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, anunciou a criação de um novo crédito fiscal extraordinário, na senda de um pacote “sem precedentes” de iniciativas cujo intuito se prende com a “recuperação económica e a recuperação de investimento”. Ao mesmo tempo, o ministro enalteceu o facto de o País ter chegado ao mês de Abril com perto de menos 300 milhões de euros do que o estimado para o défice. Mas as contas da Direcção-Geral do Orçamento mostram uma realidade diferente.

 "Chegou o momento do investimento. Depois da diminuição do défice orçamental e da estabilização financeira, chegou, repito, o momento do investimento", destacou e repetiu ontem várias vezes o responsável pelas Finanças do País, no âmbito de uma conferência de imprensa que co-protagonizou com o responsável pela pasta da Economia, Álvaro Santos Pereira."Hoje Portugal dá um novo passo, entra numa nova fase", enalteceu Gaspar, reportando-se ao novo crédito fiscal extraordinário, aprovado em Conselho de Ministros, que prevê a dedução de 20% nos investimentos (balizados entre 1 de Junho e 31 de Dezembro de 2013) de até 5 milhões de euros, com um máximo de 70% de dedução à colecta de IRC.
Vítor Gaspar assegurou ainda que o défice até Abril se fixou em “cerca de 300 milhões de euros abaixo do estimado para este período, de acordo com os cálculos revistos na sétima revisão do programa de ajustamento”.
Porém, ao fim da tarde de ontem a síntese de execução orçamental divulgada pela Direcção-Geral do Orçamento, revelava que o valor do défice que conta para os critérios estabelecidos pela troika (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) ter-se-á situado em 2.407 milhões de euros até ao final de Abril, números que efectivamente conferem com os avançados por Gaspar.
Porém, comparando este mesmo montante com o valor apurado segundo critérios análogos (os da troika) para o final de Março, o défice deu um salto superior a mil milhões de euros em apenas um mês.