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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Esta exposição integrada nas comemorações do 25 de Abril deverá contribuir para uma Reflexão Crítica "O Ensino no Estado Novo e actualmente”

Esta exposição integrada nas comemorações do 25 de Abril deverá contribuir para uma Reflexão Crítica "O Ensino no Estado Novo e actualmente”. Sem a referida reflexão está fora do contexto da comemoração.
No Estado Novo, a escola era nacionalista e baseada em forte doutrinação de carácter moral. Foi criada a Mocidade Portuguesa e a Obra das Mães pela Educação Nacional. As reformas do ensino foram sobretudo curriculares, com a simplificação dos programas e a separação entre a via liceal, mais elitista, e o ensino técnico.No ensino superior, foi criada a Universidade Técnica de Lisboa. Como Estado Novo, o perfil elitista do Liceu face à Escola Técnica foi claro e nítido. E, daí para cá, a palavra ficou como que condenada a representar a ideia de uma escola que participava, do lado dos vencedores, na grande partilha pela qual os filhos das classes mais favorecidas, que se destinavam a estudos superiores e que, para isso, frequentavam o Liceu, eram separados dos filhos do operariado, que não podiam aspirar a esses estudos e, que por isso, eram quanto muito, recebidos nas chamadas Escolas Técnicas.As crianças que não pretendessem prosseguir os seus estudos faziam as seis classes (anos) obrigatórias e as que quisessem continuá-los frequentavam apenas as quatro primeiras classes que,depois de aprovação em exame, dar-lhes--iam acesso aos liceus ou ao ensino técnico.

Isto era uma discriminação, pois não havia igualdades, nem respeito pelos direitos individuais e todos deveriam ter direito às mesmas condições e ao acesso aos mesmos conhecimentos e atenções.
"Regressar à Escola" através de uma exposição fotográfica que não retrate a realidade da história escolar ao longo dos anos, não tem um mínimo de qualidade pedagógica, como democrática.
Noticia relacionada:
  "Exposição «Regressar à Escola»":

1 comentário:

Anónimo disse...

Tretas, chavões, história contada com um filtro vermelho... !!!
Eu pertenço a uma família de gente que nada tinha, e muitas vezes quando os meus pais contavam a sua história de vida a pessoas mais chegadas vinham-lhes as lágrimas aos olhos.
A vida deles daria um bom argumento para um filme.
Essa família teve 3 filhos e a única pessoa que sustentava a casa, com o seu magro salário, era o meu falecido pai.
Para dar uma ideia do "alto salário" do meu pai, posso dizer que quando o meu irmão mais velho começou a trabalhar como operário na extinta ou moribunda Lisnave, ganhava mais que o meu pai.
Não se comiam bifes, não havia brinquedos no Natal,não havia consolas de jogos, não havia telemóveis e não frequentávamos discotecas (boites como se dizia na altura), bares ou cafés, mas fome não se passava.
O "fascista" (Salazar) controlava e subsidiava o preço do pão, e as energias que se gastavam permitiam que não tivéssemos de gastar dinheiro nos ginásios.
Não comíamos fast food, nem pizzas, nem "bolicaos". E não havia nem mesada nem semanada...
E, com uma economia férrea lá fomos vivendo, e essa racionalização do (pouco) dinheiro permitiu que os 3 filhos estudassem além da instrução primária.
No meu caso, quando chegou a altura do secundário, e contra a vontade dos meus pais, optei por fazer a escola comercial.
Há algumas coisas de que tenho a certeza em relação ao velho ensino:

1- Ninguém passava sem saber
2- Os meus pais não iam pressionar, ofender ou agredir os professores por
algo que se tivesse passado na escola.
3- Quem saía dos ensinos técnicos vinha apto a trabalhar, e emprego não lhe faltava.
4- Se quisesse prosseguir os estudos para além dos complementares poderia prosseguir e ter o mesmo curso que o actual P.R. (Cavaco) e não seria considerado inferior em termos académicos.
5- As escolas eram credíveis e os cursos, fossem quais fossem, eram reconhecidos no mundo do trabalho como válidos.
6- As "Independente", ISLA, Lusófona, Católica e outras escolas para quem PAGUE ou pertença ao partido só existiram após o 25 de Abril.

Por isso, chega de diabolizar o que existia no Estado Novo e idolatrar o que apareceu pós 25 de Abril.

Nem antes era tudo mau, nem agora é tudo bom.

A história pode ser contada de diversas maneiras e ao gosto de cada um.

A exposição vale o que vale e chega de politizar todas as iniciativas.