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terça-feira, 27 de março de 2012

"A senhora que escreveu o relatório da comissão teve direito aos seus 15 minutos de fama... para quem já não se lembra: Sónia Sanfona, senhoras e senhores!...


Arranca hoje mais uma emocionante comissão de inquérito sobre o BPN. Nem de propósito, na mesma semana em que começou uma nova temporada do programa de televisão "Ídolos", na SIC, os deputados preparam-se para a corrida a sucessor de Nuno Melo, a "estrela" da última versão deste popular entretenimento televisivo.
Arranca hoje mais uma emocionante comissão de inquérito sobre o BPN. Nem de propósito, na mesma semana em que começou uma nova temporada do programa de televisão "Ídolos", na SIC, os deputados preparam-se para a corrida a sucessor de Nuno Melo, a "estrela" da última versão deste popular entretenimento televisivo.
Os candidatos: pelo PS, Basílio Horta, Pedro Nuno Santos, Pedro Alves e Ana Catarina Mendes. Pelo PSD, Hugo Velosa, Carlos Abreu Amorim, Duarte Pacheco, Paulo Baptista Santos, Cristóvão Crespo, Carlos Silva e Hugo Soares. O CDS apresenta João Almeida e Telmo Correia. No lado esquerdo, aos experientes João Semedo (Bloco de Esquerda) e Honório Novo (PC), junta-se José Luís Ferreira, de Os Verdes.
A missão é simples: 16 concorrentes, um presidente (Vitalino Canas), muitas horas de perguntas e respostas, muita água engarrafada, muitos jornalistas, muitas horas de televisão, muitas páginas de jornais, muitas "fugas" de informação, vários "soundbytes", política pura e dura. Daquela que não resolve nada, apenas lança políticos para carreiras mais interessantes que deambular pelos corredores de São Bento (na última edição, até a senhora que escreveu o relatório da comissão teve direito aos seus 15 minutos de fama... para quem já não se lembra: Sónia Sanfona, senhoras e senhores!).
O objectivo é claro: ser o novo Nuno Melo. A "passagem" do agora deputado europeu pelo BPN não beneficiou ninguém. Sobretudo, não beneficiou o contribuinte que está a pagar, a prazo e com juros, a factura gigantesca do BPN. O trabalho de Nuno Melo beneficiou Nuno Melo. E bem. É assim que deve ser, numa economia de mercado. É preciso fazer pela vida, agarrar as oportunidades com as duas mãos.
Nuno Melo foi melhor que os seus concorrentes, tornou-se no símbolo da última comissão de inquérito, saiu em ombros, ficou conhecido no País, como nunca um deputado do PP alguma vez sonharia ficar, e ganhou uma eleição. Aliás, depois do verdadeiro interrogatório que Nuno Melo fez a Vítor Constâncio - as primeiras três horas foram dele, imparável, no horário nobre dos reformados e das donas de casa -, o deputado podia ter ganho qualquer eleição.
Nuno Melo é o sonho dos que hoje chegarão à sala do Parlamento. Todos querem sair desta comissão, como um trunfo da estratégia nacional do seu partido. E para o ano há autárquicas...
O problema do BPN nenhum dos ilustres deputados resolverá. Será nos tribunais, no Banco de Portugal, nos gabinetes do Ministério das Finanças, em Bruxelas. Se é que alguma vez se resolverá. Em boa verdade, resolver-se-á todos os anos, por esta altura, nas declarações de IRS. Entretanto, a única compensação que os portugueses podem ter é assistir ao tristemente entretido - ou entretidamente triste - espectáculo que hoje se inicia no Parlamento.

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