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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Bruxelas mais pessimista sobre economia portuguesa


A Comissão Europeia anuncia hoje projecções económicas que, para Portugal, deverão significar uma recessão este ano ainda mais grave que o inicialmente previsto e um crescimento nulo em 2013, segundo economistas contactados pela Lusa.
"Julgo que este ano deveremos ter [uma recessão] por volta dos 3,5%, e para o ano é muito difícil que [a retoma atinja] 1%. Já ficaria muito satisfeito se em 2013 não houvesse recessão, ficar pelos zero por cento seria óptimo", disse à Lusa Jorge Santos, professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) de Lisboa.
Gonçalo Pascoal, economista-chefe do Millennium bcp, tem expectativas semelhantes relativamente à evolução da economia portuguesa.
"Estamos à espera de números perto [de uma contracção do PIB de] 3,5% este ano, e mais próximos do zero no ano que vem", afirmou Pascoal.
Esta revisão em baixa "não constitui propriamente uma surpresa", acrescenta o economista do BCP: "Se pegarmos nas projecções do Banco de Portugal que saíram no início deste ano, as coisas já estavam mais ou menos alinhadas por um padrão semelhante. Ter 0,3% de crescimento ou ter zero, a este tempo de distância não me parece fantasticamente relevante."
Jorge Santos concorda que uma revisão em baixa das previsões sobre o crescimento da economia portuguesa não é surpreendente.
"A menos que as coisas passem a correr muito bem na Europa", não é de esperar uma mudança de tendência, diz o professor do ISEG. "Tendo em conta todas as medidas de diminuição do rendimento das pessoas, o que está a acontecer ao crédito das empresas, é muito difícil que haja uma inversão."
Para a economia portuguesa, o "grande objectivo é que as exportações cresçam, e para isso era bom que os nossos parceiros também crescessem", diz ainda Jorge Santos. "Desse ponto de vista, as coisas estão um bocadinho complicadas."
A Comissão Europeia apresenta hoje, em Bruxelas, as previsões económicas intercalares, alargando excepcionalmente este ano aos 27 Estados-membros as projecções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e inflação para 2012.
Tradicionalmente, as previsões interinas - publicadas em Fevereiro e Setembro, entre as (mais extensas) previsões económicas do Outono (Novembro) e primavera (Maio) - apenas actualizam as projecções para o ano corrente de dois indicadores (crescimento do PIB e inflação) para os sete maiores Estados-membros (Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Espanha, Holanda e Polónia), assim como agregados da zona euro e UE.
Todavia, este ano, o comissário europeu dos Assuntos Económicos, Olli Rehn, "decidiu excepcionalmente pedir aos seus serviços" que alargasse as previsões aos 27 Estados-membros "devido às rápidas alterações nas circunstâncias económicas", explicou na quarta-feira o seu porta-voz, Amadeu Altafaj Tardio.
Nas suas projecções de Novembro, a Comissão previu que este ano Portugal sofrerá uma diminuição de 3% no seu Produto Interno Bruto (PIB). Para 2013, no entanto, a Comissão já esperava uma ligeira retoma, com um crescimento de 1,1%.
As projecções actualizadas entretanto reviram estes valores em baixa, reflectindo a continuada deterioração de outros indicadores. O Banco de Portugal avançou em Janeiro a previsão de uma quebra do PIB de 3,1%, e de uma retoma em 2013 de apenas 0,3%.
Nas últimas previsões apresentadas pelo Governo, a expectativa para 2012 era de uma contracção do PIB de 3%.
Fonte:Económico com Lusa
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