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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O exército de reserva industrial

Marx disse que as economias capitalistas, para seu funcionamento dia após dia e ano após ano, necessitam de um "exército de reserva industrial", uma reserva de gente pobre que pode ser utilizada e desprezada à vontade do capitalista. O desenvolvimento econômico não se processa suavemente sob o capitalismo. Quando se abrem novos mercados produzem-se momentos de grande expansão: inclusive velhas indústrias em declínio prosperam de novo em época de auge econômico. Em tal situação, a economia necessita de mudança rápida de mão-de-obra; uma reserva de mão-de-obra faz-se necessária para convertê-la em força de trabalho quando se necessita e despedi-la rapidamente assim que diminua a demanda ou o exija a mecanização. A utilização da reserva de mão-de-obra em épocas de rápido desenvolvimento econômico impede que a mais-valia pare a mão-de-obra, em lugar da acumulação de capital.
Marx divide este exército de reserva industrial em três tipos: latente, flutuante e intermitente. Em primeiro lugar, a parte latente do exército de reserva industrial é gerada pela mecanização agrícola, que produz um excedente de população rural "constantemente em condições de ser absorvido pelo proletariado urbano ou manufatureiro, e na espreita de circunstâncias propícias para esta transformação". No Século XIX e princípios do XX, o camponês europeu formou uma reserva de trabalho latente para a indústria americana, e os negros do sul e outros grupos rurais minoritários desempenharam o mesmo papel durante os últimos cinqüenta anos." Em segundo lugar, a reserva flutuante está composta por trabalhadores, atraídos às vezes pela indústria moderna e rechaçados por outras, especialmente jovens e pessoas mais idosas nos tempos de Marx, mas agora em grande parte imigrantes recém chegados da cidade e antigos imigrantes marginalizados que, de outro modo, subsistem graças aos seguros sociais. Em terceiro lugar, a reserva de trabalho intermitente é uma parte do exército de mão-de-obra ativa, que tem um emprego sumamente irregular. Tem os mínimos salários (devido à competição premente das massas de trabalhadores latentes ou flutuantes) e as condições de vida desse grupo estão abaixo do padrão do resto da classe operária. Nos tempos de Marx, a força de trabalho intermitente era utilizada principalmente em indústrias domésticas pequenas e irregulares, se bem que se utilizasse também como reserva potencial de mão-de-obra barata nas indústrias regulares. Hoje se utiliza na "economia periférica" ou no "mercado de trabalho secundário", onde os trabalhadores têm uma produtividade baixa, uns salários abaixo do padrão e empregos instáveis. Uma vez mais, os grupos de minorias culturais e raciais constituem parte importante da reserva de trabalho intermitente.Assim, pois, o essencial do raciocínio marxista é que a desigualdade não é um "mal temporal" nem a pobreza um "paradoxo surpreendente" nas sociedades de capitalismo avançado; em vez disso, a desigualdade e a pobreza são vitais para o funcionamento normal das economias capitalistas. A desigualdade é necessária para produzir uma força de trabalho diversificada, por seu papel na produção de um excedente expropriável e por sua função como incentivo para trabalhar. A mecanização, a automatização e o ritmo desigual do desenvolvimento econômico produzem inevitavelmente desemprego, subemprego e pobreza. A desigualdade está na base de todo sistema econômico de vida.
As contradições quando os marxistas utilizam as aramas do capitalismo.
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