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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A indignação activa

Ilda Figueiredo, Eurodeputada
do PCP


Por: Ilda Figueiredo

Nesta recta final da campanha eleitoral para a Presidência da República, importa assinalar quem são os responsáveis pela destruição de partes fundamentais do nosso aparelho produtivo (agricultura, pescas e indústria), pela crescente privatização de sectores estratégicos como a energia, os transportes, correios, telecomunicações, liberalização do sector financeiro e de serviços públicos, pelos ataques aos direitos sociais e laborais.

Importa reflectir sobre as graves consequências das políticas que praticaram e de que são responsáveis PS, PSD e CDS, incluindo o actual candidato Cavaco Silva (que foi primeiro-ministro durante dez anos, em que se negociaram políticas de submissão do pais à União Europeia, e ainda é o Presidente da República que também promulgou todas as políticas anti-sociais actuais do PS e do PSD): desemprego, desigualdades sociais, pobreza, agravamento do défice e da dívida pública e privada de Portugal ao estrangeiro.

Foi a aplicação da PAC – política agrícola comum, da Política Comum de Pescas e da liberalização do comércio internacional que levou à destruição de uma parte significativa dos nossos sectores produtivos, a que acresceu, na última década, a perda da soberania nas políticas monetárias e cambiais, com a criação da zona euro e a entrada de Portugal na União Económica e Monetária.

Por todo o país são muito visíveis as consequências desta política, com o encerramento de milhares de empresas, a destruição de milhares de explorações agrícolas, o abandono das terras e a ameaça que persiste sobre alguns sectores industriais, como também no Ribatejo se sente. Foi por pressão da Comissão Europeia que os sucessivos governos portugueses aceitaram que a DAI deixasse de produzir açúcar de beterraba produzida na região, e passasse a depender da importação de ramas de cana sacarina, sujeitando-se ao aumento das matérias-primas no mercado internacional. Os consumidores também sofrem as consequências da crescente importação de produtos agrícolas, como, aliás, já tentaram no final do ano como açúcar, e agora continua com o aumento do preço dos cereais no mercado internacional, de que dependemos cada vez mais, por ter sido destruída grande parte da agricultura portuguesa.

A verdade é que foram os deputados comunistas no Parlamento Europeu (PE) quem sempre votou contra estas políticas, quem alertou para as suas consequências, quem denunciou os seus resultados e exigiu a sua revisão, mesmo quando os deputados de outros partidos insinuavam que queríamos impedir a modernização de Portugal, ou quando Cavaco Silva, então primeiro-ministro, afirmava que tínhamos de estar no “pelotão da frente”. Foi o PCP que sempre denunciou e continua a denunciar estas medidas de crescente submissão de Portugal às orientações e directivas europeias, seja no PE, seja na Assembleia da República.

Como repetimos nos contactos com a população, é preciso transformar o descontentamento com a politica de direita de Sócrates e Cavaco, do PS, PSD e CDS, no voto de protesto, indignação, revolta e firme determinação na construção de uma alternativa que aumente a produção e distribua, com justiça, a riqueza produzida, para aumentar o emprego com direitos e erradicar a pobreza. Esse é o voto em Francisco Lopes, já no próximo domingo.

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