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domingo, 23 de maio de 2010

A LUTA DE UMA MULHER ALPIARCENSE POR CAUSA DA ADOPÇÃO DE DUAS CRIANÇAS

Mãe desiste de ver as filhas

Tribunal de Almeirim, atribui guarda provisória à portuguesa que está a tentar adoptar as crianças


Serenamente, a justiça tem vindo a pender para o lado de Paula Figueiredo, uma mulher de Alpiarça que decidiu adoptar duas meninas de nacionalidade brasileira. A mãe biologia, Rosenilde Alves, foi quem teve a iniciativa de entregar as menores aos cuidados da portuguesa, mas, inesperadamente, apresentou queixa-crime por sequestro em Setembro de 2007 e deu origem a uma enorme batalha judicial pela custódia das crianças, hoje com quatro e dez anos.
Na semana passada, a mãe brasileira desistiu do regime de visitas que tinha sido fixado pelo Tribunal de Almeirim, no âmbito de uma acção de inibição do poder paternal interposto por Paula Figueiredo. Em Fevereiro, o juiz titular do processo decidiu que as meninas ficariam à guarda de Paula, tendo Rosenilde direito a uma visita de três horas, aos sábados. Na última sessão, realizada a 12 de Maio, a brasileira alegou não ter condições económicas para se deslocar todas as semanas a Alpiarça, e queixou-se da animosidade que as crianças demonstram quando estão na sua presença, abdicando do regime.
Para se perceber o enredo da história, é preciso recuar a Agosto de 2005, quando Paula se encontrava de férias no Brasil. Foi na Bahia que conheceu Rosenilde, grávida de oito meses e disposta a entregar a bebé, fruto de uma gravidez indesejada e filha de pai desconhecido. Por não poder engravidar, a esteticista de Alpiarça ofereceu-se para a adoptar e começou a tratar do processo no Juizado de Menores de Salvador, Estado da Bahia.
A bebé nasceu no Brasil a 21 de Agosto de 2005 e chegou a Portugal nem um mês depois, a 7 de Setembro, dia em que foi entregue aos cuidados de Paula, que até escolheu o seu nome e aguardou-a com enxoval comprado. A portuguesa dispôs-se também a ajudar a Rosenilde nos primeiros passos de uma vida nova, tendo-lhe encontrado emprego e pago um curso de estética para que a mãe biológica fugisse à miséria no Brasil. Por vir de uma família pobre, proprietária de um “boteco”, Rosenilde propôs a Paula que adoptasse também a sua filha mais velha, na altura com cinco anos.
A irmã chegou a Alpiarça em Dezembro, e desde então, á Paula quem tem criado ambas. Na altura, Rosenilde vivia na casa de uma amiga da mãe adoptiva e, segundo a acção tutelar, a que o jornal teve acesso, nunca fez grande esforço para manter um contacto regular ou uma relação de afecto com as próprias filhas.
A mãe biológica viu-se obrigada a regressar ao Brasil em Maio de 2006, quando expirou o seu visto de permanência em Portugal. Paula compromete-se a arranjar contrato de trabalho para que a brasileira possa regressar, mas adoece e atrasa-se com a promessa. Sem nada o fazer esperar, Rosenilde apresenta queixa no Ministério Público da Bahia, alegando sentir-se enganada pela portuguesa, que se recusa a devolver as crianças.
«O Ribatejo»

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