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domingo, 28 de março de 2010

Charme presidencial não convence

Artigo de Opinião

São necessários mais de 11 mil milhões de dólares para a reconstrução do Haiti, estimam peritos em catástrofes naturais da Comissão Económica para a América Latina (CEPAL). Segundo Ricardo Zapata, enviado pela organização para avaliar a dimensão dos estragos provocados pelo terramoto no país, este valor deveria chegar nos próximos sete a 10 meses, mas, a verdade é que a canalização de recursos encontra-se praticamente parada, disse.

Entre as medidas urgentes, acrescentou Zapata, estão o realojamento de mais de um milhão e meio de pessoas (quase 15 por cento da população), entre os quais muitos que abandonaram a capital Port-au-Prince e, no actual contexto, seria útil que tivessem condições para se radicarem nas regiões limítrofes.

A promoção do emprego e da agricultura estão também no topo das medidas a empreender com carácter de urgência, frisou o enviado da CEPAL. Neste sentido, a Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) foi mais precisa, sublinhando que a insegurança alimentar atinge metade dos haitianos e que, por isso, prevê iniciar no próximo mês um programa extraordinário de distribuição de sementes e apoio às colheitas.

Bush e Clinton contestados

Foi neste contexto que, segunda-feira, Bill Clinton e George W. Bush visitaram o Haiti. Com pouco mais de 36 milhões de dólares recolhidos pela fundação que dirigem (3 por cento do total que a insuspeita CEPAL estima serem necessários), os ex-presidentes da nação mais rica do mundo dedicaram-se a uma operação de charme amplamente propagandeada pelos média, mas que, no terreno, não convenceu.

«George W. Bush tenta limpar a sua imagem depois de muitos anos a pisar os haitianos», considerou um motorista dos pitorescos tap-tap ouvido pela Prensa Latina. Uma ex-professora de aritmética vai mesmo mais longe e diz que «não são bem-vindos ao Haiti», sobretudo Bush que «conspirou contra os haitianos e fez tudo para derrubar o presidente Aristide», razão pela qual traz consigo «muitos guarda-costas». Neste mesmo sentido manifestaram-se algumas dezenas de apoiantes do ex-presidente, Jean Bertrand Aristide, que aproveitaram a reunião entre o actual chefe de Estado, Réne Preval e os dos ex-mandatários norte-americanos para fazerem ouvir o seu protesto.

Por: Antonio Alberto Coutinho

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