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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Tanto provincianismo que até dói...

1. Temos uma candidata formada em direito como milhares de outras pessoas;
2. Temos a nossa licenciada em direito que de direito pouco quer saber e procura um lugar na vida política;
3. Temos uma candidata do PS, que entra na A.R. substituindo outros candidatos que subiram na escada do poder, que em nada se notabilizou na A.R. a não ser por um relatório de triste memória que foi criticado por todos.
4. Temos uma candidata que perde as eleições autárquicas… e é nomeada, pelo governo do seu partido como governadora civil.
5. Temos uma candidata sem currículo, que não seja o de defender cegamente o seu Partido.
6. Temos um Partido Socialista que, no governo, distribui tachos e benesses pelos que cegamente o defendem, sem qualquer espírito crítico, como convém.
Ah, se o Eça de Queirós ainda por cá andasse…
O Eça que dizia “ (…) O deputado obedece ao Governo, e exerce uma função. Há o apagador, o gritador, o interruptor, o homem dos incidentes, o homem dos precedentes, etc. E quando desagrada, é demitido. Somente não se diz demitido. Diz-se, com menos asseio, dissolvido.
O Governo pois nomeia os seus deputados. Estes homens são, naturalmente e logicamente, escolhidos entre os amigos dos ministros. Por dois motivos:
1º Porque a amizade supõe identidade de interesses, confiança inteira.
2º Porque sendo a posição de deputado ociosa e rendosa, é coerente que seja dada aos amigos íntimos – àqueles que vão ao enterro dos parentes e trazem o pequerrucho da casa às cabritas.
Os amigos dos ministros são, naturalmente, os primeiros escolhidos. Para completar o número de uma maioria útil, estes amigos, mais em contacto, indicam depois outros, seus parentes que procuram colocar, ou seus aderentes que querem utilizar.
– Tu não tens ninguém pelo círculo tal? – pergunta X ao ministro, seu íntimo.– Não.
– Espera! tenho eu um primo. O pobre rapaz tem poucos meios, é pianista. Mas é fiel como um cão. Um escravo! Posso dizer ao rapaz que conte com a coisa?
– Podes dizer ao rapaz.
Lentamente a lista da maioria vai-se formando em Lisboa. Os pretendentes são numerosos. Os amigos íntimos agitam-se em volta do ministro, como um bando de pardais em torno de um saco de espigas. Um tem um primo que casou; outro sabe de um folhetinista com talento e língua fácil; outro quer um cunhado; outro deseja um homem a quem deve uns centos de mil-réis (mas dispensa a candidatura para esse ladrão, se o ministro fizer esse ladrão recebedor de comarca)... Depois os candidatos são mudados como figuras de um jogo de xadrez. A um, a quem se prometeu o círculo D, dá-se o governo civil de B – como indemnização. Tira-se a C a candidatura, porque se descobre que C tomou chá com o chefe da oposição. Mas dá-se a E, que foi quem denunciou C. (…)” (Farpas /VIII – Eça de Queirós Junho 1871).
Já agora leiam-na na íntegra que vale a pena.
E é isto que pelos vistos é motivo de orgulho para alguns. Os mesmos que não têm vergonha de dizer que pouco importam os milhões de euros de dívida, porque temos estátuas, fontes, (o que no seu entender é considerado “obra”), gente que veste bem, gente com bons carros...A gente compra, mas não paga! Que bela herança moral que os mais novos recebem desses comportamentos.
De um leitor

3 comentários:

Anónimo disse...

Será mesmo que dói tanto provincianismo ou as pessoas são que fazem para doer?...

E dói!
E de que maneira.
Afinal como disse o Eça, não são só os socialistas.
Segundo Eça, os comunistas também o fazem e, de que maneira….
Esquece-se o comentarista de que os comunistas também fazem exactamente a mesma coisa.
A diferença é em pequena escala porque felizmente ou infelizmente ainda não conseguiram ser poder, salvo nos tempos do PREC.
Será mentira?
Então comece pela Câmara de Alpiarça e depois subindo os patamares dos caminhos da política, verá que no fundo são todos iguais.
Pena as pessoas só verem para o lado que lhes convêm.
O comentarista deve-se esquecer como era o sistema quando a CDU esteve na Câmara de Alpiarça. Estava tudo minado pelos homens da esquerda autoritária.
E no presente, com a eleição de Mário Pereira, deverá omitir-se os lugares de quem os está a omitir.
Sendo assim, devo relembrar o comentarista e usando palavras suas que:

«Temos um Partido Socialista (leia-se CDU) que, no governo, distribui tachos e benesses pelos que cegamente o defendem, sem qualquer espírito crítico, como convém»;

«Temos uma candidata (Mário Pereira) do PS, (da CDU) que entra na A.R. (Câmara) substituindo outros candidatos que subiram na escada do poder, que em nada se notabilizou na A.R. (Câmara) a não ser por um relatório de triste memória que foi criticado por todos»

Ah, se o Eça de Queirós ainda por cá andasse…

«O Governo (a Câmara) pois nomeia os seus deputados (Assessores e outro pessoal de confiança). Estes homens são, naturalmente e logicamente, escolhidos entre os amigos dos ministros (do Presidente da Câmara). Por dois motivos:
1º Porque a amizade supõe identidade de interesses, confiança inteira.
2º Porque sendo a posição de deputado ociosa e rendosa, é coerente que seja dada aos amigos íntimos – àqueles que vão ao enterro dos parentes e trazem o pequerrucho da casa às cabritas.
Os amigos dos ministros (Presidente da Câmara) são, naturalmente, os primeiros escolhidos. Para completar o número de uma maioria útil, estes amigos, mais em contacto, indicam depois outros, seus parentes que procuram colocar, ou seus aderentes que querem utilizar.
Lentamente a lista da maioria vai-se formando em Lisboa (Alpiarça). Os pretendentes são numerosos. Os amigos íntimos agitam-se em volta do ministro (Presidente), como um bando de pardais em torno de um saco de espigas. Um tem um primo que casou; outro sabe de um folhetinista com talento e língua fácil; outro quer um cunhado; outro deseja um homem a quem deve uns centos de mil-réis (mas dispensa a candidatura para esse ladrão, se o ministro fizer esse ladrão recebedor de comarca)... Queirós Junho 1871).»
Como pode ver, caro comentarista, basta mudar os lugares, partidos e nomes ao texto que escreveu ( citando o Eça) e vai dar tudo ao mesmo.
Então para que criticar os outros (Sónia Sanfona) quando na verdade são todos iguais?
Termino, dedicando-lhe e citando as suas palavras que escreveu no seu texto, que em abono da verdade está espectacular (para seu agrado):

A gente compra, mas não paga! Que bela herança moral que os mais novos recebem desses comportamentos.

Bem prega Frei Tomas

Um leitor democrata

Anónimo disse...

Quando se cospe para o ar corre-se o risco de o cuspo cair na propria cara ou ir cair no prato onde se esta a comer...
A arrogancia tem destas coisas, ouve-se mal e aprende-se pouco.
Belo exemplo este é pena que quem o escreve não se veja todos os dias ao espelho, certamente iria ter grandes surpresas.

Anónimo disse...

Este leitor democrata parece que adivinha os meus pensamentos!
P.A.E