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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Em que medida poderá o bom Governo ser possível?

Artigo de Opinião

Parte II

Corrupção, confiança, incentivos e selecção em política.

Tal como eu havia prometido à duas semanas atrás, aqui vai o meu post, que não será mais que a lógica continuação do funcionamento do Governo e da ética que muita falta faz neste nosso país.
No meu ultimo post, muitas questões foram levantadas sobre a questão da autarquia e da resolução dos seus problemas financeiros, quero mais uma vez afirmar perante esses leitores que na hora certa e será dentro de pouco tempo, terão respostas a algumas das Vossas questões, no entanto afirmo que no caso das Águas do Centro, a população tem muito mais a ganhar do que a perder e ainda digo mais as vantagens podem ser mais que os inconvenientes. Mas isso são “águas” que irão correr neste Blog dentro pouco tempo.
Relacionar a ética no exercício de cargos públicos com a qualidade dos Governos, pode ser de facto discutível, no entanto, existe uma qualidade do Governo que é de todo consensual e tem recebido de facto muita atenção empírica: A CORRUPÇÃO.
É certo que neste momento a corrupção afecta a economia no seu conjunto e é certo também que a corrupção é um sintoma muito importante da constatação de que os Governos são de facto maus. Temos no entanto de entender que existem diferenças entre corrupção burocrática e corrupção política, o que leva Hellman (2000) a expressar a necessidade de atender às diferenças entre “captura do Estado” (corrupção para mudar as Leis) de “corrupção administrativa” (corrupção para alterar a implementação das Leis) e mostra empiricamente que o tipo de empresas implicado na captura do Estado é diferente do da corrupção administrativa.
Todos sabemos que a corrupção pode ser vista de varias perspectivas, mas todas elas relevam a importância da confiança social, pois vejamos então que quer ao nível individual, quer ao nível social, muitas dimensões normativamente desejáveis e aceitáveis, parecem estar relacionadas com a referida confiança social, embora esta varie significativamente entre países como a Dinamarca ou a Holanda, em que cerca de 60 % da população acredita que a maior parte das pessoas são confiáveis, ao contrário do que acontece em países como o Brasil e a Turquia, em que apenas e só 10 % acreditam na confiança das pessoas.
Enquanto a maior parte dos acredita que o caminho para a riqueza passa pelo trabalho árduo, 80 % dos Russos por exemplo acreditam que os altos rendimentos decorrem todos de actividade desonestas (Kluegel e Mason 2000).
Ainda em relação à corrupção, dados relativamente recentes relativos ao fenómeno em Portugal, decorrentes de um estudo encomendado pelo Procurador Geral da República ao Departamento Central de Investigação e Acção Penal, são significativos e realçam a necessidade de estudos mais aprofundados neta matéria, mas sabemos que ao conjunto de entidades públicas, com “vocação rodoviária”, “administração central”, “actividades de saúde e de justiça”.
Nos últimos 4 anos foram investigados pela PJ 525 casos ligados às entidades ligadas aos pontos acima mencionados, ou seja, temos de dar mais atenção aos Governos corruptos, pois estes são certamente menos eficientes e originarão menos confiança nos indivíduos comuns e neles próprios.
Sabemos que a respeito dos processos de selecção em política a maioria das análises está centrada no modo como as eleições podem resolver o conflito entre cidadão e Governo. Sendo a politica delegada aos políticos, isto revela uma confiança nos mesmos, o que de facto parece não ser muito correcto, mas é o que temos e o que mais me entristece é que a única forma de fazer justiça à prestação de contas (accountability) é o voto de cada um de nós.
Uma das formas que o povo tem de exigir mais dos políticos é através da prestação de contas, pois o cidadão que quer avaliar os políticos em quem votou só o poderá fazer através da observação do que estes fizeram. Este facto torna relevante o papel dos media e de espaços de debate como o Jornal Alpiarcense ou a própria sociedade civil (think thanks e analistas políticos)e é de facto incentivador das prestações de contas acima mencionadas.
Deveria eu dar-vos umas palavras sobre o que é a prestação de contas formal e real, mas como o post já vai longo, não me vou aprofundar muito.
Devo sublinhar no entanto que as eleições cumprem dois papéis chave, que são a criação de incentivos e selecção do melhor candidato. Esta ultima implica temas como integridade, altruísmo e interesses políticos.
Em conclusão devemos ter em atenção que o problema não é só de selecção, mas sim também de capacidade de liderança, pois cada vez mais a figura do líder é de extrema importância. Por vezes acontecem situações como a que sucederam cá em Alpiarça, ou seja nem sempre o melhor candidato e possivelmente o com mais capacidade de decisão é o vencedor. Afirmo uma vez que a derrota da Sónia não se pode de facto dever somente a ela, muito pelo contrário, deve-se ao passado recente de um líder que “fugiu” das suas responsabilidades perante o julgamento do povo.
Acredito piamente que o facto de ter perdido uma eleição para uma Autarquia, não retira mérito a uma pessoa que demonstra ter uma capacidade de trabalho acima da média, pena é que só lhe tenham acentuado os aspectos negativos. Creio também que não foi só a Dr.ª Vanda. O Dr. Rosa do Céu entre outros os culpados pela sua derrota, ela também teve um pequeno traço de culpa na sua derrota, pois foi por vezes demasiado altruísta e não conseguiu de facto levar consigo alguns dos melhores que a nossa terra tem.
Espero que como Governadora Civil desempenhe o seu cargo com honestidade, sinceridade, muita confiança e acima de tudo com muita selecção política, pois se o sucesso alcançado for tão grande como o que eu lhe desejo, então a Dr.ª Sónia terá todas as possibilidades e oportunidades de não ficar apenas pelo Governo Civil e demonstrar que as derrotas também fazem parte da constituição de um cidadão melhor.
Para terminar uma célebre frase de Sun Tzu "A estratégia sem táctica é o caminho mais lento para a vitória. Táctica sem estratégia é o ruído antes da derrota."
Por: ADAM

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem!!
Gosto da forma muito peculiar como este cronista escreve. Aparenta de facto ser uma pessoa de grandes capacidades criticas e de escrita, no entanto apesar de eu entender a vlógica do seu encadeamento as pessoas que dão uma vista de olhos sobre este blog por vezes não têm a sensibilidade de percepcionar bem o que escreve.
Não conheço muitas pessoas com a capacidade de raciocinio deste Bloger, mas se for quem eu penso estás de facto de parabéns.
Já agora uma questão:
Estes dois artigos estão relacionados com a nossa Camara? A mim parece-me que sim, daí a pertinecia do assunto.
Estou expectante em ver o que vai escrever sobre a Camara e a resolução dos seus problemas.

Anónimo disse...

Adam explica-se muito bem mas foge com o rabo à seringa.
Cadê das opiniões sobre soluções para amortizar as dividas da Cãmara?