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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Administração da Renoldy volta atrás depois de anunciar fim da empresa

A empresa de recolha de leite Renoldy, com sede em Alpiarça, recuou hoje na intenção de fechar as portas a partir de Julho. Depois de se queixar de incapacidade para competir com os preços do leite importado nas negociações com as grandes superfícies, a decisão foi tomada na sequência de uma reunião com o ministro da Agricultura e representantes do comércio.

A intervenção do Governo, com o ministro Jaime Silva a anunciar que o leite importado está a ser sujeito a análises de qualidade, terá sido determinante para o recuo da Renoldy, empresa que recolhe o leite junto dos produtores e que anunciara a intenção de colocar fim à actividade a partir do próximo mês.

A Renoldy alegava ter deixado de receber encomendas das grandes superfícies.

A situação inverteu-se agora, com a intervenção do Governo. Durante uma reunião que envolveu o ministro da Agricultura, Jaime Silva, representantes do comércio, das grandes superfícies e da empresa Renoldy foi anunciado pelo governante que estão já a ser feitas análises ao leite que é importado.

"Temos uma autoridade de segurança alimentar (ASAE) que está a fazer esse trabalho e em breve teremos resposta para isso", anunciava já ontem Jaime Silva em Belmonte, à margem da adjudicação de dois novos blocos do Regadio da Cova da Beira, pedindo tempo para outras informações quando estiver em posse do resultado das análises.

Indo de encontro às acusações dos produtores nacionais, Jaime Silva explicou então que está a ser analisado o leite, "para ver se é leite recombinado, feito a partir de leite em pó".
Produtores nacionais preocupados.

Um milhar de agricultores concentrou-se na passada sexta-feira na Póvoa do Varzim para pedir a intervenção do Governo na protecção do leite português. Preocupados com a concorrência que vem do exterior, os produtores lançaram ainda um apelo aos consumidores para que consumam mais leite produzido em Portugal, apesar de o leite estrangeiro estar a ser vendido a um preço mais baixo.

De acordo com os produtores portugueses, as normas que estão obrigados a cumprir são mais apertadas do que aquelas que o leite importado respeita, o que se traduzirá numa qualidade inferior do leite que vem de fora.

O ministro Jaime Silva sustentou porém outra explicação: "As regras aplicadas em Portugal são as mesmas de outros países, como França, Alemanha e Polónia, de onde muito desse leite está a chegar. Nesses países há muitas importações de manteiga e leite em pó da Nova Zelândia e Austrália. Têm excedentes e por isso baixaram drasticamente os preços".

Além das análises que estão em marcha no circuito português, Jaime Silva anunciara anteriormente que Portugal exigiu "a Bruxelas que a autoridade da concorrência actue e verifique se não há abuso de posição dominante" ou concentração de empresas.

"É um problema eminentemente de mercado, não de ajudas. Nós não podemos dar ajudas à comercialização", declarava ainda o governante durante este domingo, explicando que "mesmo que o valor pago por litro de leite em Portugal ronde os 30 a 32 cêntimos, é mais alto do que a média europeia, de 23 cêntimos", o que o torna "o quarto preço mais elevado da Europa".
«RTP»

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