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segunda-feira, 6 de abril de 2009

Melão de Almeirim, filho de Alpiarça

Embora tenha a designação de "melão de Almeirim", este maravilhoso fruto é cultivado e produzido na sua maioria pelos seareiros de melão de Alpiarça que se deslocam há décadas para os campos do Vale do Tejo.

As primeiras sementes de melão que se conheciam nos anos 50-60 eram a do chamado “cotim à militar”.
Esta era um fruto cinzento de qualidade precoce, mas que se aguentava pouco tempo depois de apanhado.
Ao longo dos anos foram aparecendo várias espécies de melão, como o casca de carvalho ou o melão preto, fruto bem apresentável e saboroso que se aguentava mais tempo nas pargas debaixo dos sombreiros, e mais rijo para os mercados.
Tinha que haver muito cuidado com esta espécie porque com temperaturas altas queimava-lhe a pele (ficava chapado) e perdia valor comercial. Tinha que ser tapado com palha de arroz para evitar essa queima. Este tipo de melão ainda predomina.
Apareceram também os melões dos “Seareiros de Alpiarça”, os “Saturninos”, o “Doiradinho”, o “Pêro”, o “Bicha-Gata” e o “Manuel António”. Este último foi e continua a ser uma qualidade de excelência.
Manuel António foi um produtor de melão que ao longo dos anos seleccionou e revolucionou a produção deste fruto. Era e é um melão dourado e alinhavado com muito boa apresentação comercial. Também este e outros atrás citados tinham que ser tapados quando havia temperaturas altas.
Nos anos 70 começa-se a produzir o melão branco. De início houve dificuldade na entrada deste tipo nos mercados, mas a pouco e pouco penetrou bem na produção e comercialização. Além de ser uma espécie bem apresentável e de boa finalidade, tem também uma grande virtude que é a de não se queimar (chapar), uma vez que os raios solares são “sacudidos” pela brancura do melão.
Uma outra espécie deste fruto é o chamado “Pele-de-Sapo”, que juntamente com o melão branco são hoje os mais apresentados no mercado. Conhecido como “melão de Almeirim”, este ribatejano fruto é, como se disse, cultivado e produzido na sua maioria pelos seareiros de melão de Alpiarça.
Estes deslocam-se todos os anos para os campos do Vale do Tejo, como de Valada do Ribatejo, Azambuja e Vila Franca de Xira, para se instalar em terras arrendadas. Desde os anos 50 até aos anos 80 essa deslocação era mais acanhada, na medida em que os transportes eram ainda pouco significativos.
Centenas, senão milhares de famílias, partiam de Alpiarça levando consigo a chamada “tralha”, o que queria dizer uma autêntica casa mudada. Hoje as coisas são totalmente diferentes, com os avanços das novas tecnologias como o emprego do plástico, a fita de rega de gota-a-gota, mecanização moderna e transportes adequados.
«Álvaro Brasileiro/RD (antigo produtor de melão)»

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