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quinta-feira, 12 de março de 2009

A diferença entre poder e autoridade



Artigo de Opinião

Por: Antaeus




Certo dia fui tomar a “bica” a um determinado café. A meu lado sentou-se um “Agente de Autoridade” devidamente fardado. Alguns minutos depois já falávamos sobre vários assuntos. Fiquei então a saber que o meu “parceiro de mesa” era, nem mais nem menos, que o novo “Comandante do Posto Policial” da localidade, salientando-me este que era «novo nestas bandas» mas que vinha para impor a “lei” porque «aqui (na localidade) eu sou o «poder e a autoridade».
Ouvi e, depois de ter pensado um pouco, disse-lhe que «não deve ser bem como senhor diz porque o poder e autoridade são coisas distintas». Olhou-me bem nos olhos e respondeu-me de imediato «se eu quiser, de um momento para o outro, posso embrulhar numa “folha de papel azul” o presidente da Câmara» (“papel azul” era, na altura, onde se escrevia as ocorrências e demais)
Admirei-me com a afirmação e deduzi logo que tinha na minha frente alguém disposto a impor a «ordem a todo o custo na localidade» porquanto o mesmo me informou que não tinha as melhores referências da localidade. A razão: a localidade era «uma terra cheia de comunistas».
Chamei-lhe a atenção de que não era bem assim e as informações não correspondiam à verdade como o aconselhei a ter cuidado com o “poder” já que ele apenas representava a autoridade.
Por razões que ainda hoje estou por apurar estas palavras foram transmitidas com uma rapidez fulminante, a quem na altura, representava o poder
Dois dias depois o digno representante da lei apresentou-se ao presidente da câmara para em conjunto acertarem a localização e colocação de «alguns “sinais de trânsito”». Não estiveram de acordo, porque um entendia que devia ser «sentido proibido» e outro «trânsito proibido». Como as trocas de palavras e de ideias não eram conclusivas, o presidente responde-lhe: «não é como o senhor quer mas sim como eu entendo» para depois o agente dizer «….mas eu………». «Nem eu nem carapuça nenhuma! O senhor aqui representa a Autoridade e eu sou o Poder».
O graduado entendeu a mensagem e lembrou-se do que tinha dito dias antes. Esqueceu-se de que a «vingança é má conselheira» como o «rancor não leva a lado nenhum para quem o possui».
Algum tempo depois, por razões que não interessam, o presidente foi mandado parar por uma “Patrulha” a fim de «ser actuado, porque não parou ao sinal vermelho» com o automóvel da autarquia.
Este argumentou que não era verdade e justificou que: «onde vocês estavam era-lhes impossível ver a transgressão» que em abono da verdade não existiu.
Passado pouco tempo depois, recebeu uma notificação para passar pelo “Posto” a fim de «prestar esclarecimentos».
Quando compareceu, o tal graduado, responde-lhe mais ou menos assim: «Aqui eu sou o poder e a autoridade, como tal vou actuá-lo porque efectuou uma transgressão».
O presidente compreendeu onde queria chegar «sua excelência» e vai daí: «A nossa conversa acaba de imediato» mas com a seguinte advertência: «vossemecê “Senhor “Poder e Autoridade” arrume a sua mala porque já nem oito dias aqui vai estar, porque eu vou embrulhá-lo numa folha de papel azul».
Se foi azul ou amarela não sei, mas o que sei é que o arrogante “Comandante de Posto” foi de malas aviadas, não sei para onde, sendo substituindo por outro poucos dias depois.
Isto tudo a propósito de: como o poder económico impõe regras para o funcionamento da sociedade também o poder político muitas vezes também impõe regras para quem não cumpre as normas instaladas ou quem as tenta contrariar.
Logo, nem sempre se deve dizer certas verdades, caso contrário as coisas podem saír ao contrário daquilo que pensamos ou dizemos, mesmo que muitas vezes, possamos ter a certeza que a «verdade está do nosso lado».
È assim que o sistema funciona e pouco podemos fazer para alterá-las. Como a mosca quando vê uma teia de aranha: fugir dela a sete-pés.

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